O programa Paraná Mais Orgânico, da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, foi criado para fomentar a plantação de alimentos deste nicho sem o uso de agrotóxicos. A iniciativa também tem como meta a certificação de produtores.
“Com o aumento da demanda do consumo de alimentos orgânicos, estamos acelerando os trabalhos de apoio ao produtor”, afirmou o engenheiro agrônomo André Luis Alves Miguel, coordenador do projeto de Agroecologia do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR). Mas a demanda não cresce tanto assim.
Pesquisa da Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis), realizada em 2019, aponta que quase 20% da população brasileira consome produtos orgânicos pelo menos uma vez por mês – em 2017, esse número era de 15%. A região Sul é a que mais consome, com 23%.
Dados da pesquisa mostram que 84% dos consumidores apontam a saúde como fator determinante para a aquisição do produto. Podendo citar mais de uma razão para compra de forma espontânea, apenas 9% afirmam que adquirem o produto pelo benefício para o meio ambiente. Feiras e supermercados lideram os locais de compra.
O preço permanece como a principal barreira para aquisição do produto, seguido pela dificuldade em encontrá-lo. A percepção sobre o que exatamente é um alimento orgânico foi reconhecida por apenas 16% dos entrevistados, que também relataram desconhecer outros produtos produzidos sem uso de agrotóxicos.
O Paraná tem relevância nacional na produção de orgânicos, com mais de 3,5 mil produtores certificados, o que representa 17,4% do total de agricultores registrados pelo Ministério da Agricultura. Unidades produtivas orgânicas estão presentes em 177 municípios paranaenses.
O programa promove ações de assistência técnica, pesquisa, certificação, organização dos agricultores e da produção e aperfeiçoamento permanente de um cadastro. Também atua junto com a iniciativa privada para agilizar o aumento da produção e na criação de canais de distribuição mais ágeis e eficientes.
Segundo André Luis Alves Miguel, muitos produtores já estavam acostumados a entregar a produção a domicílio, através de cestas ou sacolas de produtos. Por causa da pandemia, houve uma adaptação e essa modalidade de venda ultrapassou as expectativas.
Outra percepção é que o consumo de orgânicos aumentou também nos supermercados, inclusive nas grandes redes varejistas. Por isso, os produtores de orgânicos foram os menos afetados com o novo cenário de isolamento das pessoas.
“Agora o Paraná está diante desse desafio de fomentar o aumento de produção. O interesse dos produtores está crescendo ainda mais”, disse. Eles querem ampliar a área de produção, mas esbarram na suspensão do processo de certificação por causa da pandemia.
Segundo Miguel, esse processo requer a reunião de produtores e técnicos para avaliação dos processos e visitas às propriedades e por causa da aglomeração eles foram suspensos. Muita coisa está sendo feita online, mas está mais lento, admite o técnico.
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