Laranja tem produção no Noroeste do PR tem história de luta

Produção de laranja no Noroeste do PR tem história de luta contra lobby paulista 

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Produção de laranja no Noroeste do PR tem história de luta contra lobby paulista

Produção de laranja no Noroeste do PR tem história de luta contra lobby paulista 

 

 

Paiçandu, norte do Paraná. Final dos anos de 1980. O então secretário de Agricultura do Paraná, Osmar Dias, irmão do governador à época, Álvaro Dias, soca a mesa diante de um enviado do Ministério da Agricultura, e crava: “O Paraná vai plantar laranja e pronto. Não há margem para discussão sobre isso”. Era a reação contra o lobby paulista da citricultura, que se munia de todas as armas para inviabilizar o início do plantio da fruta na região Noroeste.  

 

O temor oficial dos paulistas era o descontrole do cancro cítrico, então sob controle, mas ainda sob risco enorme para sobrevivência dos pomares. O argumento tinha alguma consistência técnica, mas era essencialmente base do discurso de resistência a intenção paranaense de criar novo polo de produção da fruta, com extensas plantações no interior paulista. Mas a decisão do governo já estava tomada e os pomares se expandiram.  

 

De pouco menos de 4 mil hectares plantados com a fruta em 1986, com produção de menos de 100 mil toneladas, hoje a área ocupada supera os 25 mil hectares e 700 mil toneladas. Importante lembrar que o estímulo à fruticultura no Noroeste tinha mais razões sociais do que econômicas. O solo arenoso da região não favorece a exploração agrícola em seus modelos tradicionais, como o plantio de soja e milho, favorecendo a exploração da pecuária.  

 

Imensas áreas com ocupação mínima de animais por hectare, em rebanhos criados em regimes extensivos, empobreceram o campo. Outro problema enfrentado na região eram as erosões. O solo frágil não resistia às chuvas e imensas crateras surgiram. Em determinado momento foram necessárias imensas dragas para resolver o problema de imensas voçorocas criadas pelo deslocamento contínuo de porções de solo. Ao longo dos anos o cenário no campo foi mudando.  

 

A laranja chegou junto com novas práticas de manejo do solo, com a introdução do modelo de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta, técnica que associa modelos diferentes de culturas exatamente para preservar o solo e sua capacidade de produção. O projeto alcança, em maior e menor escala, 107 municípios que formam a região do arenito caiuá. Juntos, ocupam uma área de 3,1 milhões de hectares. Na última década, o PIB da região mantém curva ascendente.  

 

Laranjais avançam no Noroeste e consolidam polo frutícola 

 

A decisão do então governo Álvaro Dias, de romper com o lobby paulista da laranja e incentivar a produção da fruta na região Noroeste se concretizou ao longo das décadas seguintes, não sem antes passar por muitos desafios. Na primeira metade dos anos de 1990 o cenário era de avanços e retrocessos, considerando que os paulistas tinham perdido o debate na mesa de negociação, mas ainda eram fortes em muitas outras frentes.  

 

Muitas dificuldades foram superadas na aquisição de insumos e comercialização – e até mesmo na compreensão do produtor rural de que investir em citricultura era um bom negócio. A partir da segunda metade da década o plantio de laranjas decolou, para em seguida, no início da década de 2000, os pomares serem ameaçados por uma praga devastadora: o greening, doença que causa queda precoce dos frutos, que não se desenvolvem normalmente e ficam com sabor mais ácido, dentre outros sintomas, comprometendo e reduzindo a produção.  

 

A doença não tem cura e a solução recomendação é a erradicação da árvore, decisão custosa em todos os sentidos, a começar pela execução do procedimento e, posteriormente, o replantio. Mesmo assustado, o citricultor insistiu confiante numa solução química para o problema que, na verdade, nunca chegou. O plantio de mudas cuidadosamente selecionadas e a substituição gradativa de pés doentes ou sintomáticos, mantiveram as lavouras produzindo. E se consolidava o polo.  

 

A laranja está presente, de forma comercial, em 286 dos 399 municípios paranaenses. Atualmente, são aproximadamente 21 mil hectares cultivados, dos quais saem anualmente 700 mil toneladas e um rendimento de R$ 401 milhões. 

 

Indústria paranaense da laranja 

 

São cerca de dez empresas fabricantes de suco integral de laranja na região de Paranavaí, que empregam diretamente 7 mil pessoas. E fica no município a líder do País. Criada em 2012, a Prats foi pensada para socorrer os negócios da família Pratinha, que entre os anos de 2006 e 2011 viu seus rendimentos diluírem com a crise no setor de citrus no Brasil e no Exterior. 

 

O que era uma saída para salvar o empreendimento cresceu e hoje é a empresa que tem o maior faturamento do grupo, além de figurar no primeiro lugar do ranking no mercado no Brasil. A Prats detém cerca de 35% do share nacional do segmento e tem seu produto espalhado por quase todo o país.

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