Graças ao desenvolvimento científico e tecnológico, o Paraná é referência na produção de grãos (segundo do país, atrás somente do Mato Grosso), lidera a produção de frangos, é segundo na criação e abate de suínos, também segundo na oferta de leite e quarto em ovos. O estado perdeu nos últimos anos o protagonismo no setor pecuário, com redução do plantel. No entanto, com a certificação de área livre da aftosa, obtida recentemente, o estado planeja voltar à condição de líder nacional no agronegócio.
A referência na pesquisa agropecuária é o Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR), ligado ao Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e à Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). “Somos os maiores produtores de proteína animal do País, com participação relevante na produção e exportação de grãos, além de polo produtor de frutas, verduras e alimentos orgânicos. O Paraná ajuda a alimentar o Brasil e o mundo porque sempre priorizou a qualidade e a inovação”, resume o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.
Atualmente, as atividades da Diretoria de Pesquisa do IDR-Paraná são organizadas em nove programas temáticos — agroecologia; café; grãos: feijão e cereais de inverno; fruticultura; olericultura; produtos tecnológicos; projetos estratégicos; raízes e tubérculos; pecuária de corte e sistemas integrados de produção pecuária; pecuária de leite; recursos naturais e grãos: soja e milho.
Nesses programas são realizados 105 grandes projetos de investigação científica, que implicam a condução de dezenas de ensaios de campo espalhados por todo o Paraná — conduzidos nas estações experimentais próprias do IDR-Paraná e em áreas de cooperativas, universidades e outros centros de pesquisa parceiros.
A atuação da pesquisa agronômica paranaense se destaca pelo pioneirismo em várias frentes. É o caso, por exemplo, do desenvolvimento de cultivares de maçã para regiões de inverno ameno, caso do Norte do Paraná. Adotadas por produtores de todos os estados do Sul, as cultivares IAPAR Eva e IAPAR Julieta são também cultivadas em regiões de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e até Bahia.
O melhoramento genético, aliás, é um dos pontos altos da pesquisa desenvolvida no IDR-Paraná — são mais de 200 cultivares lançadas em quase 50 anos, abrangendo espécies como trigo, feijão, café, milho, maçã, ameixa, pêssego, algodão, trigo-mourisco, laranja, acerola e diversas forrageiras e plantas para cobertura do solo.
É paranaense, por exemplo, o feijão carioca IPR Celeiro, primeiro cultivar comercial não transgênico e comprovadamente tolerante ao mosaico dourado, uma das principais doenças da cultura, que gera grandes prejuízos em lavouras de todo o Brasil.
Pioneirismo presente também na produção de citros, por meio de estudos que possibilitaram o plantio dessas frutas e a inserção do Paraná no mapa da produção nacional e internacional de frutas cítricas.
Na pecuária de corte, foi desenvolvida a primeira raça paranaense, e também a primeira originada em um centro estadual de pesquisa , o Purunã. Os cruzamentos foram iniciados em 1985, visando um animal capaz de produzir carcaças de elevado padrão, com baixo custo e que ficassem prontos para abate em pouco tempo. Para alcançar esses objetivos, os pesquisadores fizeram cruzamentos controlados envolvendo animais puros das raças Aberdeen Angus, Canchim, Caracu e Charolês.
Na produção cafeeira, houve esforço para a recuperação da cultura no Estado após a famosa geada de 1975, com o desenvolvimento do modelo de plantio adensado e foco na qualidade da bebida. A equipe de pesquisadores também atuou, em parceria com entidades nacionais e internacionais, no sequenciamento do genoma da planta. Atualmente, os pesquisadores se dedicam a estudar técnicas de manejo e o desenvolvimento de cultivares que resultem em bebidas diferenciadas em aroma, corpo, sabor e acidez, apoiando, inclusive, o empoderamento femininon na cadeia.
Os pesquisadores também enfrentaram o problema da erosão, que devastou propriedades agrícolas, rios e córregos do Paraná na década de 70. Com abordagem em microbacias, desenvolveram e adaptaram métodos de terraceamento e cultivo mínimo que possibilitaram recuperar milhares de hectares de solo cultivado e inspiraram projetos similares em outras regiões brasileiras e, também, na América Latina e na África. Foi um dos centros de pesquisa que deu início a estudos e avaliações sobre os benefícios do plantio direto.
O Iapar surgiu no bojo de uma reforma administrativa no âmbito da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab) no século passado, que reuniu diversas ações de pesquisa então realizadas de forma dispersa por vários departamentos.
A mudança também respondia à mobilização e esforço de produtores, técnicos e lideranças políticas e empresariais, como Sociedade Rural do Paraná, jornal Folha de Londrina, Associação dos Engenheiros-Agrônomos, Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-PR) e Instituto Brasileiro do Café (IBC).
Além do Tesouro Estadual, a instalação do novo centro paranaense de pesquisa agropecuária contou com recursos da Organização Internacional do Café (OIC) e do extinto Instituto Brasileiro do Café (IBC).
Em uma nova atualização administrativa, em 2019 o Governo do Estado promoveu a junção do Iapar ao Instituto Emater, Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Codapar) e Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA), criando o IDR-Paraná, que ajudou a fortalecer todas as instituições.
(Com informações da Agência Estadual de Notícias)