Cemitério municipal: Covas já ocupam até mesmo os corredores

Mortes por covid apressam ocupação do cemitério municipal; covas já ocupam até mesmo  corredores entre túmulos

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Mortes por covid apressam ocupação do cemitério municipal; covas já ocupam até mesmo corredores entre túmulos

Mortes por covid apressam ocupação do cemitério municipal; covas já ocupam até mesmo  corredores entre túmulos

 

O movimento dentro do cemitério municipal de Maringá é incessante. Não são apenas os sepultamentos, cada vez mais intensos (e rápidos quando o atestado de óbito aponta a causa da morte pelo vírus), que explicam o vai-e-vem de máquinas, operários e pessoas, mas também é a pressa em abrir covas para dar conta da crescente demanda. Perto dos 1,4 mil mortos pela pandemia, a cidade contabiliza ainda vítimas por diversas outras causas – naturais ou não! Os 240 mil metros quadrados do ‘campo santo’ vão ficando cada vez mais apertados. 

 

A aquisição de terreno para implantação de um segundo cemitério público foi proposta em 2007 pelo então vereador Paulo Mantovani, que também solicitou a construção de espaço vertical para sepultamentos. Há quase 15 anos, portanto, o problema já se desenhava a ponto de, em 2010, o também ex-vereador Aparecido Domingos Regini pedir a readequação das vias internas para ampliar o número de covas. Hoje, isto está sendo feito. Corredores entre túmulos foram reduzidos em largura para abrir espaço para novas sepulturas. 

 

O novo cemitério já está com terreno adquirido e tem licenciamento em fase de conclusão. O assunto é mantido em sigilo pelo temor de que, em se divulgado o local de instalação, haja um movimento contrário de proprietários de terra do entornoque possa inviabilizar a obra. Mas o gestor público sabe da necessidade de novo espaço para sepultamento, urgência ampliada pelo ritmo de mortes provocadas pela pandemia. Em tempo: além do municipal, a cidade conta com cemitério privado e outro para religiosos. Bispos são sepultados em área específica existente na Catedral Nossa Senhora da Glória.

 

A pressa em abrir túmulos inclui a instalação de gaveteiros em construções novas, para onde estão sendo destinados corpos sob protestos de familiares. O formato dificulta homenagens e muitas vezes não fica nem ao alcance dos olhos em função da altura. Dificuldade inclusive para identificar nome ou para colocação de algum ornamento. Nada, contudo, que não seja convergente com a legislação e dentro de parâmetros exigidos pelas circunstâncias. Cada vez mais mortos também se tornam um problema para a gestão pública – e bom negócio para a iniciativa privada. 

 

Área do antigo IML, transferido para outro local continua em desuso há 5 anos

 

Previsão de construção de cemitério vertical, já indicado lá atrás por vereador, não andou dentro da gestão pública, mas caminhou como projeto desenvolvido por empresários. A iniciativa não é inédita. O primeiro empreendimento do gênero existe desde a década de 1980 em Santos (SP). Hoje, prédios destinados a acomodar ossadas, cinzas e até pertences pessoais dos mortos, em espaços que permitem a personalização da decoração. A verticalização não resolve o problema de espaço, considerando o caráter privado da iniciativa e, portanto, destinado a atender quem pode pagar pelo serviço diferenciado. 

 

Enquanto se busca racionalizar a ocupação de espaço no cemitério municipal, com ocupação de corredores, remoção de ossadas e disposição de corpos em gavetas, amplo espaço onde funcionava o Instituto Médico Legal (IML) permanece sem uso há mais de 5 anos. O terreno pertence à Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, assim como toda a área do cemitério. A pretendida ideia de transformar o espaço numa área de lazer não prosperou e, diante da necessidade de abrir mais covas, deve ser sepultada em definitivo. A previsão é de ampliar o cemitério, com túmulos instalados naquela área.

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