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Reforçado com discursos, expõe fissuras sociais e econômicos

Modelo excludente,  reforçado com discursos desafiadores, expõe fissuras sociais e econômicas na região

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Edivaldo Magro

 

João cumpre uma rotina desgastante todos os dias: levanta às 6 da manhã, caminha 20 minutos até chegar num ponto de ônibus e embarca às 6h45 horas para chegar no trabalho às 7h30. Operador de máquinas, ele mora em Sarandi e integra uma força de trabalho com cerca de 30 mil pessoas que todos os dias deixam o município para se ocupar em outra cidade. Maringá absorve quase que a totalidade desse fluxo, em especial de Sarandi. Apesar dos notórios avanços na infraestrutura, o município ainda potencializou sua economia o suficiente para conter ou reduzir o deslocamento de trabalhadores com a geração de vagas. 

 

Mas quando João deixa Sarandi, assim como milhares de outros trabalhadores, cria um círculo vicioso que impacta a economia local: não é só seu suor que fica em outra cidade, mas seu salário. Como normalmente o retorno para casa ocorre já perto das 20 horas, a maioria deixa de adquirir bens de consumo em seus municípios de origem. Não há dados concretos sobre esse fenômeno, mas tão somente análises baseadas na observação de como a economia de municípios do entorno de Maringá sentem os efeitos desse deslocamento. Face curiosa dessa distorção está na expansão urbana de Sarandi, cada vez mais uma cidade de maringaenses. 

 

Pelo menos 50% das novas moradias que surgem a cada dia no município, em áreas residenciais em que prevalecem casas geminadas, são de maringaenses que, incapazes arcar com os altos custos dos imóveis na cidade, investem em Sarandi. Reproduz-se assim fenômeno dos anos de 1980, quando surgiu o município, que rapidamente expandiu seus horizontes. Pontuou ao longo da década como referência em crescimento demográfico, aumentando sua população em 10% ao ano. A concentração urbana acelerada expôs problemas graves de infraestrutura, ainda enfrentados pelas seguidas gestões municipais. 

 

Municípios vizinhos sofrem com modelo excludente

 

Não há novidade nesta análise, considerando que cidades do entorno da metrópole costumam viver à sobra da sede e enfrentar problemas recorrentes em função disso – e beneficiar-se também dessa proximidade. Contudo, o que incomoda é o fato de demandas comuns não serem enfrentadas para minimizar impactos das diferenças sociais e econômicas, essencialmente por descaso, incapacidade e determinação. Prevalece a soberba e um certo ar de superioridade da metrópole em relação ao entorno, até com desafios verbais quando incomodada com alguma cobrança ou reação. 

 

Quando se tomam decisões conectadas com alguma disposição para enfrentar problemas comuns, observa-se imediatamente interesses políticos e não compromisso com o cidadão e suas demandas. A perpetuação de um modelo excludente não fortalece a região metropolitana: a fragiliza e expõe cada vez mais fissuras não apenas políticas, mas notoriamente de desprezo às pessoas. Segurança, transporte coletivo intermunicipal, meio ambiente, ligação entre as cidades estavam na pauta da criação da Região Metropolitana de Maringá para buscar a solução conjunta de problemas. Nem a pauta e muito menos a região prosperou.

 


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Redação

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