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Desabafos de gestores públicos reafirmam: somos todos iguais em meio a pandemia - Paraná da Gente

Desabafos de gestores públicos reafirmam: somos todos iguais em meio a pandemia

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Desabafos de gestores públicos reafirma: somos todos iguais em meio a pandemia

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Edivaldo Magro – Jornalista

 

Declarações de prefeitos acuados pela pandemia soam como desabafo diante não da capacidade de cada um em enfrentar a voracidade do vírus, mas da incapacidade de convencer as pessoas a se cuidarem. Não há discurso, números ou argumentos capaz de impedir o descumprimento dos protocolos básicos de prevenção, como contatos físicos.

 

Melhor: tudo que se fala se mostra tão repetitivo que a sensação é de descontrole. Quem ouve, sabe. Reconhece a importância dos cuidados, mas prevalece clima de ‘saco cheio’, expressão oportuna para definir sentimento de insatisfação com a clausura. Não há margem de segurança fora dos protocolos básicos de prevenção, mas é necessário reconhecer que, sem vacina, os riscos de contágio permanecem.

 

Vídeos e áudios de gestores públicos são reveladores de momentos tensos, vividos por agentes públicos igualmente expostos, mas com a responsabilidade de tomar decisões, especialmente em relação a medidas de prevenção. Também estão cansados. Julgados por erros e acertos, caminham sobre o fio da navalha contabilizando números – de contaminados e, no extremo, de mortes.

 

O veredito será dado a partir da perspectiva histórica, quando será adequado fazer o rescaldo de período tão delicado da história. Equívocos, como o negacionismo, a convicção de que a ‘gripinha’ seria debelada e, portanto, não mereceria tanta atenção, talvez se tornarão o tema mais pesquisado.

 

Há tanto que se aprender com esses tempos exigentes não apenas em prevenção, mas em conhecimento e reconhecimento da fragilidade humana, que todos têm algo a dizer sobre a pandemia. Há sofrimento contido, outros expressos. Quando o gestor público demonstra aparente fragilidade com seu desabafo, demonstra também a faceta humana que o coloca no mesmo nível do cidadão.

 

Ainda que a responsabilidade seja distinta em função da competência legal de tomar decisões, se igualam na perspectiva de que estão inseridos no mesmo cenário de apreensão e medo. A escuridão torna todos iguais, cegos ou não. Mas não há tolerância. Há pressa. Tempos de extremos, de cobrança. Pouca resiliência. Muita ignorância.

 

Nesse ambiente de contradições, onde o vírus circula como elemento ameaçador, impondo a individualidade a cada um em contraste com o desejo do coletivo, aceitar que o mundo mudou não é elemento de discurso. É fato que as fragilidades pessoais ganharam dimensão comunitária e o sofrimento alheio, enfim, parece ter sido dividido.

 

Quando o agente público se manifesta, em tom de lamento e desabafo, expressa o sentimento coletivo de medo. Sim. Ele pode, deve e, principalmente, tem direito de, no extremo da solidão comum a cargos de liderança, ser apenas não o prefeito, mas o cidadão exposto às mesmas tensões de qualquer um.

 

A igualdade não é um traço da convivência humana. Pela natureza de cada um, a individualidade se sobrepõe ao coletivo, quando o discurso prega exatamente o contrário. Talvez a crueldade do vírus nos ensine a compreender mais o outro e a valorizar a convivência como exigência da felicidade. A entender que somos todos iguais. Frágeis e expostos ao mesmo destino.


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Redação

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