De 155 mil inscritos, 70 mil não comparecem ao concurso da PM

Dos 155,7 mil inscritos no concurso da Polícia Militar do Paraná, mais de 70 mil não compareceram aos locais das provas, realizada no último domingo, uma abstenção de quase 44,95%. A prova era para ter sido realizada em junho, mas por conta da pandemia foi adiada. Apesar dos protocolos de segurança, com as provas sendo aplicadas em 379 locais de 28 cidades do estado, o risco de contaminação teria afastado candidatos. 

De acordo com o protocolo de biossegurança, para acessar os locais de prova os candidatos tinham que estar com máscara facial. Também era necessário ter pelo menos mais uma máscara para a troca após três horas e na entrada todos passaram por medição de temperatura. A PM patrulhou o entorno dos locais de prova para evitar aglomerações. Os candidatos eram obrigados a usar máscara e manter outra de reserva para troca a cada três horas. 

Os candidatos se inscreveram para 2 mil vagas para a Polícia Militar e 400 para o Corpo de Bombeiros. A distribuição será regionalizada: 890 vagas para a capital e para a região metropolitana; 270 vagas para a região de Londrina; 290 vagas para a região de Maringá; 305 vagas para a região de Ponta Grossa e 245 vagas para a região de Cascavel. As 400 vagas para o Corpo de Bombeiros serão distribuídas por Curitiba (100), Londrina (200) e Cascavel (100).  

Os candidatos aprovados na fase realizada no domingo passarão para a fase de provas específicas, todas eliminatórias, que são Exame de Capacidade Física (Ecafi); Exame de Sanidade Física (Esafi); Avaliação Psicológica (AP) e Investigação Social (IS). Após aprovação nas etapas, o candidato segue para formação. Nesse período, ele receberá bolsa de R$ 1.933,63. Somente após a formação, de 1 ano, o salário de ingresso na PM será de R$ 4.263,67.

Defasagem no efetivo da Polícia Militar ultrapassa 30%

No início do mandato, o governador Ratinho Junior (PSD) reconheceu que o principal gargalo da segurança pública no estado é o contingente policial, mas disse que não fará novas contratações. Ele afirmou que as polícias paranaenses atuam há 15 anos com o mesmo número de policiais na ativa, mas declarou que não havia previsão para concurso. O chefe do executivo estadual alegou falta de recursos e  que estaria no limite de gastos com pessoal estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

“O estado tem um limite de contratações de pessoal. Você tem um teto de investimento, porque tem toda a responsabilidade fiscal. O contingente é de 15 anos atrás.  Então, nós temos que dar periodicamente treinamento, contratando, fazendo concurso público. Claro que isso passa por um planejamento, mas enquanto nós não conseguirmos fazer essa equação financeira para poder contratar mais policiais, temos questões estratégicas”, disse o governador. 

Para compensar a falta de efetivo, o governo tem investido em infraestrutura, como a renovação da frota de viaturas e aplicação mais intensiva de tecnologia na prevenção da criminalidade. Mesmo assim, o número de homicídios em 2020 cresceu  5,3% em relação ao ano anterior. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, 2035 pessoas perderam a vida em homicídios dolosos, latrocínios (roubo seguido de morte) e lesão corporal com morte.