O Brasil ainda está muito longe de trocar a matriz enérgica hidráulica por outras fontes, mas essa dependência diminui na medida em que aumentam os investimentos em energia solar, por exemplo. Com o preço dos equipamentos em queda, cresce o uso doméstico de placas solares. O recurso se justifica: o aumento das temperaturas médias no mundo em 1,5 graus nos próximos anos abre perspectivas relevantes para o uso da energia solar.
O alerta é mais nocivo que benéfico. No entanto, é exatamente o contraponto que lastreia os investimentos. As temperaturas sobem por conta do excesso de gás carbônico (CO2) na atmosfera, que cria o chamado ‘efeito estufa’. Para minimizar esses efeitos, a opção é trocar a queima de combustíveis fósseis por recursos que protejam o meio ambiente e reduzam a emissão de CO2.
Até mesmo a empresa responsável pela geração e distribuição de energia no Paraná está atenta a essas mudanças. Embora o parque gerador da Copel já seja majoritariamente movido por fontes de energia renovável – são 17 hidrelétricas, 25 eólicas e apenas uma termelétrica entre usinas próprias – a empresa, em 2021, elaborou seu Plano de Neutralidade de Carbono.
A Copel também está acompanhando todas as tendências da chamada transição energética, que além da descarbonização também envolve a digitalização e a descentralização da geração de energia elétrica, em sistemas da chamada geração distribuída. Em março deste ano, 2021, colocou em operação sua primeira usina solar Com um total de 5,36 MWp (megawatt-pico) de potência instalada.
A Companhia também estimula projetos que incentivem o uso eficiente de energia, por meio de seu Programa de Eficiência Energética (PEE). Em 2020, a empresa divulgou resultados de uma das suas maiores chamadas públicas na área, que teve recorde de submissões. São projetos nas áreas de condomínios residenciais, consumidores industriais, entidades assistenciais e filantrópicas, instalações do poder público, pontos de comércio e consumidores rurais.
O uso cada vez mais intenso de energia solar está associado ao preço dos equipamentos para instalação, que caiu 80% nos últimos 10 anos. De US$ 100 o megawatt-hora para cerca de US$ 20.
O preço fica abaixo do custo de todas as outras fontes, com exceção da geração eólica. Só em 2020, foram investidos R$ 15,9 bilhões na capacidade instalada. Isso significa que o Brasil, cada vez mais, atrai o interesse de grandes empresas, de olho em um país ensolarado e com grande potencial de exploração de sua energia solar.
Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar), o Brasil subiu para 9º no ranking de países que mais instalaram energia solar em 2020. Conforme as estatísticas, no ano passado, o país instalou 3.152,9 megawatts (MW) de fonte solar fotovoltaica, incluindo 2.535,3 MW (80 %) em sistemas de geração distribuída e 617,6 MW (20 %) em sistemas de geração centralizada.
No acumulado dos últimos oito anos, o país já investiu R$ 42,1 bilhões nessa fonte de energia e gerou 236 mil empregos, aponta o estudo.
Mas nem tudo é positivo nesse processo de aceleração do uso de energia solar. Corporações com interesses não exatamente ‘declaráveis’ querem impor taxação de até 57% sobre a energia gerada, 5 vezes, por exemplo, a aplicada nos Estados Unidos. O argumento é que energia solar é tema não convergente com energia elétrica e, portanto, faria concorrência desleal. Para normatizar o setor já circula projeto de lei na Câmara dos Deputados propondo taxação de até 27%. A princípio, o setor está disposto a aceitar esa alíquota.